A Puna é uma região da Argentina com uma paisagem bem peculiar. Diferente de outros cenários do país, ali, onde se tem os campos de altitude, o que se vê são os cactos gigantes, montanhas coloridas e os locais com traços indígenas. Tudo isso a uma altitude que chega a ultrapassar os 4 mil metros e bem próximo da fronteira com o Chile e a Bolívia.
Quando se fala em turismo na Argentina, é unanimidade Buenos Aires, Bariloche, Mendonza, as vezes Patagônia. Mas ninguém do meu conhecimento, até o momento, foi mais ao norte do país. Eu como gosto de visitar lugares não tão “manjados”, resolvi que tinha chegado a vez de conhecer a Puna.
Assim, ao montar o roteiro do Projeto América do Sul X 5, da Argentina, além de Buenos Aires e Missões Jesuíticas, entrariam Salta e região da Quebrada de Humahuaca, um vale que se estende por 155 km, até próximo a fronteira da Bolívia e que pela sua beleza natural foi declarada Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2003.
Como o tempo era pouco, a opção foi por um tour que fizesse a região em um dia e, ainda na época do planejamento, comprei no site da Decolar.com. um ”tour coletivo” que satisfazia os meus objetivos. Partindo de Salta seguiríamos em sentido norte, mas só depois de recolher todos em seus hotéis e por isso, a desvantagem desse tipo de passeio.
As primeiras paisagens são ainda de um vale verde, onde se encontram plantações de tabaco. Mas à medida que íamos ganhando altura, o cenário mudava drasticamente até chegamos a região da Puna, ressecada e fria.
A primeira parada foi em Purmamarca, vilarejo de ruas empoeiradas e casas de barro, com uma praça central que tem no seu entorno lojinhas de artesanato e uma pequena e antiga igreja.
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Construída em 1648 |
Mas a parada ali tinha como objetivo admirar o Cerro de Siete Colores, a bela montanha de faixas coloridas formadas por camadas de sedimentos acomodadas umas sobre as outras ao longo dos anos.
Dali seguimos para o norte, pela Ruta 9, até Tilcara, coração da Quebrada. Atravessamos um riacho em direção a uma colina onde estão as ruínas da fortaleza pré-incaica de Pucará.
Conta-se que o vale já é habitado há mais de 5 mil anos. A fortaleza (pucará, em quéchua) construída em um monte teria a função de avistar de longe o inimigo.
Após pagarmos o ingresso começamos a íngreme subida, com paradas para observarmos as explicações do guia sobre as ruínas até chegarmos ao topo, 2.500 metros, onde há um monumento, com a forma de pirâmide, em homenagem aos arqueólogos que fizeram as escavações pela região. Do alto se tem uma bela vista do vale.
Continuamos rumando para o norte e a 40 km de Tilcara chegamos a Humahuaca, pequena cidade que dá nome à Quebrada, onde almoçamos. De entrada, deliciosas empanadas saltenhas de carne e de queijo. Após o almoço, uma visita rápida à pequena cidade que ainda tem arquitetura original, ruas de pedra e de terra, além das lojinhas com artesanato local.
Dali retornamos a Salta, mas antes duas paradas; uma para conhecermos uma fábrica onde se produz cerâmicas da região, com direito a explicações de como se dá a produção.
A última parada foi a beira da estrada para admirarmos mais uma vez as montanhas, agora à nossa esquerda estava a Paleta del Pintor, formação rochosa que exibe um belo colorido. A natureza brincou de arte e pintou triângulos quase em linha reta com cores que vão do bege e laranja ao marrom e vermelho.
Por ali também se encontra um curioso cemitério, na aldeia de Maimará. Muito singelo, tem seus túmulos, dispostos ladeira abaixo no morro, enfeitados com flores de plástico.
A região da Quebrada tem grande relevância histórica. Serviu de estrada para o deslocamento dos incas, no século 15. Foi, no período colonial, a principal rota comercial e servia como posto de abastecimento na época em que as minas de prata de Potosi, na Bolívia, propiciavam grande riqueza à Coroa. Mas também foi palco de batalhas durante o movimento de independência da Argentina.
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