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Igrejas, tesouros de Roma


Muitos dos que vão a Roma têm como um dos seus objetivos, visitar algumas de suas igrejas. Uma grande parte é movida pela fé, mas a maioria vai atraída por séculos de arte e história que estão documentados em quase todas elas.

Igreja São João de Latrão
Construídos sobre ruínas, mausoléus ou locais de reuniões, esses templos possuem pinturas e esculturas executadas por alguns dos mais importantes artistas de todos os tempos, que tinham a função de fortalecer a fé, através da representação de passagens bíblicas em suas obras.
  • Panteão
As igrejas no 1º século d.C. surgiram de pequenos núcleos em que os cristãos se reuniam para o culto religioso. Com o crescimento do movimento, os imperadores romanos passaram a persegui-los até a proclamação do Édito de Milão (313 d.C.) pelo imperador Constantino, instituindo a liberdade de culto aos cristãos e tornando possível as primeiras construções. 


Muitos templos pagãos deram lugar às basílicas cristãs, como a Basílica de Santa Maria dos Mártires, construída dentro do Pantheonum templo dedicado a todos os deuses.


O Panteão ou Pantheon de Agripa é a única construção remanescente da época do Império Romano em perfeito estado de conservação.  Foi construído no século 27 a.C. por Agripa, conforme está escrito em sua fachada "Construído por Marco Agripa, filho de Lúcio, pela terceira vez cônsul". No século 1 de nossa era sofreu um incêndio e em 118 d. C. foi reconstruído pelo imperador Adriano. Em 609 foi instalada a basílica no local, para onde foram transportados inúmeros corpos de mártires que estavam enterrados nas catacumbas.


Atualmente as tumbas de ilustres italianos estão no local, como o pintor Rafael e o rei Vittorio Emanuelle II. Mas o que impressiona é o harmonioso domo esférico coberto por uma abóbada com 43,5 metros de diâmetro e a mesma medida de distância do chão, quanta precisão. No alto uma abertura central que permite a entrada da luz solar, mas também da chuva e do ar.


  • Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior)
É uma da basílicas patriarcais de Roma, foi construída no século V e segundo se conta há uma lenda sobre a sua construção. A Virgem teria aparecido ao Papa Libério, pedindo-lhe que mandasse construir uma igreja onde nevasse naquela noite, 5 de agosto, em pleno verão.


Boa parte da igreja foi construída entre 432-440, durante o papado de Sisto III, porem houve muita modificação nos século 12 e 13.


É a maior de todas as dedicadas à Virgem. Possui duas fachadas distintas, a frontal se destaca pelo pórtico com cinco aberturas, separadas por pilastras decoradas com colunas e uma varanda superior com arcadas. À direita, o mais alto campanário da cidade, em estilo românico.


Mas o que impressiona é a suntuosidade e riqueza artística que encontramos no seu interior. Ao fundo de uma dupla fila de 40 colunas um magnífico baldaquino sustentado por colunas de mármore. O teto renascentista decorado com o ouro trazido no primeiro carregamento do Novo Mundo (presente de Fernando e Isabel da Espanha). 
Um belo mosaico que retrata a Coroação da Virgem, do século 13 e, nas paredes, 36 painéis de mosaicos do século 5 com cenas do Velho Testamento. 




Aqui também há uma Capela Sistina, encomendada pelo papa Sisto V, ricamente decorada.


Em uma urna de prata estão as relíquias do Presépio, que consistem em pedaços da manjedoura que teria acolhido o menino Jesus.


  • San Pietro In Vincoli
Foi erguida no século 5 apesar de não ser tão suntuosa e até mesmo ter uma fachada muito simples, é dedicada a uma relíquia do início do Cristianismo, as correntes de São Pedro (Vincoli, em latim).

Mas confesso que o meu interesse em visitar essa igreja era a bela obra de Michelangelo, Moisés. A magnífica estátua é a figura central do mausoléu do Papa Júlio II, que além de encomendar esse trabalho foi também que contratou o famoso artista para pintar o teto da Capela Sistina.


Apesar da obra prima que é esse monumento, ficou bem longe do que o autor imaginara, onde deveria existir pelo menos 40 estátuas. O fato é que houve muitos contratempos entre o genioso artista e o seu Mecenas.
  • San Giovanni in Laterano (São João de Latrão)
Outra das quatro igrejas patriarcais. É a Catedral de Roma e foi fundada por Constantino no século 4. Desde então foi várias vezes destruída e reedificada. A atual estrutura remonta o século 17. Até o século 19 era o local de entronização dos papas, que também por lá viveram desde que o papado retornou de Avignon (França) até serem transferido para o Vaticano.


É ricamente decorada, possui um fino baldaquino do século 14 e estátuas de vários santos.


Uma bela decoração no teto interno e externo e em frente, o obelisco Lateranense.

  • Santa Maria Aracoeli
Está no ponto mais alto do Capitólio. À esquerda do Monumento à Vittorio Emanuelle II e à direita dos Museus Capitolinos. Tem como destaque as colunas de material retirados de templos pagãos, a enorme escadaria que lhe dá acesso e o famoso teto quinhentista, que foi construído para celebrar o triunfo da frota cristã sobre os turcos na batalha de Lepanto.

Capitólio



  • Igreja Trinitá dei Monti (Igreja da Trinidade dos Montes)
Localizada no alto da escadaria da Piazza di Spagna, teve sua construção iniciada no século 16, a partir de um convento.



Muito mais igrejas existem em Roma, mas essas foram as que estiveram mais acessíveis enquanto usava o ônibus turístico Hop on Hop off em um dia. Vale ressaltar que todas as atrações na cidade são pagas, com exceção das igrejas, que independente de serem um ambiente de oração, são também maravilhosas galerias e museus.



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