Pular para o conteúdo principal

TDP - Primeiro dia de trilha

...No período do planejamento para essa viagem, o objetivo seria percorrer o “Circuito W” ou parte dele. O trajeto dessa trilha é parecido com essa letra, subindo três vales. O Valle Ascencio para chegar próximo a base das Torres, o Valle Francês que corresponde à perna do meio do W e a margem do Lago Grey até o glaciar de mesmo nome, a terceira perna.




...Apesar de ter lido alguns relatos subestimei o nível de dificuldade das trilhas. Afinal, quase todos estavam fazendo a trilha completa e dormindo em acampamentos. Eu, teoricamente, ganharia tempo e faria menos esforço, pois começaria o Circuito W pelo refúgio Paine Grande(meio do W), onde dormiria e teria praticamente dois dias para fazer a terceira perna e a perna do meio.


...Quando sai de Recife, tinha plena consciência que meu condicionamento físico não me permitiria realizar o que a maioria faz quando se propõe a fazer trekking em Torres del Paine ou em El Chalten. A proposta era fazer o que pudesse e o tempo permitisse. Para isso era necessário conhecer o meu limite. E com certeza, eu iria reconhecê-lo no momento em que o atingisse.


...Tinha mapas de todas as trilhas e procurei ler sobre elas no período do planejamento. Sempre há a quilometragem ou o tempo que normalmente se gasta para percorrê-las, o que é variável dependendo do condicionamento de cada pessoa. Mas, o que acontece é que ao olharmos o mapa a trilha nos parece fácil, já que indica uma distância que se está habituado a caminhar.


...No entanto, o mapa não mostra os “sobes e desces”, e um quilômetro pode se transformar em dois ou mais quando se tem que subir e descer uma encosta, mesmo que não seja muito íngreme, apesar de algumas delas serem, pelo menos do meu ponto de vista.


...Assim, na tarde do primeiro dia percorri, no meu ritmo e em meu tempo, parte da trilha que vai do Refúgio Paine Grande ao Acampamento Italiano, metade do caminho para se chegar ao Valle Frances.


Uma trilha que começa pela margem do Lago Pehoe e em seguida se chega a uma pequena elevação, de onde se pode ver o Lodge e a área de acampar em toda a sua extensão.


...Continua ao lado do Lago Skottsberg, de águas de um azul profundo e passa por bosques floridos. É uma trilha considerada fácil. Porém, duas horas após, o tempo começa a fechar e minha prudência fala mais alto: hora de retornar!


...Apesar de não conseguir o objetivo inicial, tive tempo suficiente de ter a minha frente a linda imagem do Cerro Paine Grande.


...De volta ao Refúgio, tomo um delicioso banho e na hora da “cena” encontro muitos mochileiros das diversas partes do mundo. A comida não foi lá essas coisas, mas em quantidade suficiente. Em seguida vou ao salão e por um bom tempo faço um “relax” mirando a soberba paisagem através da vidraça.


...Foi uma noite tranquila e tive como companhia de quarto um casal de espanhóis muito simpáticos, dois californianos e uma italiana. No refúgio a energia está disponível até as 24 horas. A partir daí, luz interior só se for de lanternas ou de velas. Mas, ninguém está ali para noitadas ou baladas. A noite é para dormir mesmo, pois o dia nos espera para desbravarmos as famosas trilhas do Torres del Paine.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Arte Cusquenha

Ao conquistar Cusco em 1534, os espanhóis não só iniciam mudanças profundas na história política do Império Inca, como também transformações na história da arte americana. O encontro de duas culturas fez surgir uma nova expressão artística, tendo a pintura colonial desenvolvida na cidade peruana de Cusco como resultado da confluência da tradição barroca trazida pelos colonizadores espanhóis com a arte dos indígenas americanos. Com o objetivo de catequizar os incas, muitos missionários partem para a colônia para converter a alma pagã à religião católica. Para isso utilizaram a pintura como arte eclesiástica. Assim escolas foram criadas, dando origem ao primeiro centro artístico pictórico das Américas. A grande maioria das obras da Escola de Cusco se refere a temas sacros, onde a imagem aliada à palavra seria o único meio de difundir o catolicismo. Assim estão presentes nas obras a glorificação de Jesus, a Virgem Maria e santos, o Juízo Final com as glórias do Paraís

Uxmal, obra-prima da Arquitetura Maia

Pouco se sabe da origem dessa cidade-estado maia, no entanto se conhece como a época do seu apogeu a última fase do Período Clássico (entre 800 e 1000 d.C.), quando as poderosas cidades-estados maias, Palenque, Copán e Tikal, estavam sendo gradativamente abandonadas. Poderosa, Estendeu seu domínio até as cidades vizinhas de Kabah, Labná, Xlapac e Sayil, juntas se destacaram no emprego de uma arquitetura refinada e elegante, conhecida como "estilo puuc". Acredita-se que Uxmal foi o centro que alcançou o maior desenvolvimento político e econômico da área puuc. Ao contrário de outras regiões da Península de Yucatán, não possuía cenotes e havia escassez de água, podendo ser esse o motivo de tantas esculturas dos deus da chuva, Chac,  nas fachadas de suas construções, atestando a importância desse culto. De todos os sítios maias, esse foi o que achei mais fascinante. É notável a mistura estilística, onde estão presentes elementos maias e toltecas (expressa

Os Megalitos de Tiwanaku

Principal sítio histórico da Bolívia, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade em 2000 pela Unesco. As ruínas são de uma das mais importantes civilizações pre-colombianas que se desenvolveu no Altiplano Boliviano. Apesar de ainda ser controverso, acredita-se que esse povo tenha surgido de uma aldeia que vivia da agricultura baseada em plataformas de cultivo  por volta de 1200 a.C. Teve o seu apogeu entre o século  5 e 10 da nossa era, quando desenvolveu a metalurgia (uso do cobre na produção de ferramentas) e o comércio. Não se sabe o motivo, mas teria desaparecido definitivamente no século 12. Especula-se que a ocorrência de alterações climáticas tenham contribuído para a sua extinção. Mesmo assim os demais povos do Altiplano, inclusive os incas, tiveram forte influência dessa cultura. Durante séculos o poderoso império que dominou o altiplano construiu um sofisticado complexo arquitetônico, parte dele representado pelas ruínas hoje expostas. O aspecto monum