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Um dia por Paracas & Ilhas Ballestas


O litoral sul peruano apresenta extensa faixa desértica entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes. Nessa região, a cerca de 270 km de Lima, está a Reserva Nacional de Paracas e cerca de 18 km mar a dentro (uns 40 minutos de lancha) está Ilhas Ballestas, o arquipélago de pequenas ilhotas rochosas povoadas de lobos marinhos, aves, repteis, moluscos, crustáceos, peixes  e pinguins.


Reserva Nacional Sistema de Islas, Islotes e Punta Guaeras é uma área natural protegida pelo Estado, tem o fim de conservar uma mostra representativa da diversidade biológica dos ecossistemas marinho costeiros do mar frio da Corrente de Humboldt, assegurando a continuidade do ciclo biológico das espécies que lá habitam.


Não há uma população humana permanente, mas há parte de instalações que permitia a extração do guano durante o século 19, época em que a economia peruana se sustentava principalmente com a exportação desse produto usado como fertilizante nos EUA e Europa.


O acesso às ilhas é feito por pequenas embarcações, mas é proibida a descida no local. O circuito completo dura aproximadamente 2 horas.


... Acordei cedo no amplo apartamento do Hotel El Mirador em Paracas. Havia chegado na noite anterior após 3 horas de viagem a partir de Nazca. A simplicidade do café da manhã servido na varanda do hotel, não fazia jus ao cenário que tinha a minha frente: uma baía com diversos barcos  ancorados.


...Na hora combinada o guia chegou em uma van com viajantes de várias nacionalidades. Seguimos para o Porto do Chako de onde embarcamos para a visita às Ilhas Ballestas. Após todos estarem com os coletes salva-vidas, a lancha deu partida. O dia estava muito nublado, deixando a visibilidade diminuída. 


...A guia explicava sobre as atrações que veríamos naquele passeio, à medida que ganhávamos o mar aberto. Aos poucos começa a surgir uma colossal figura desenhada numa rocha coberta de areia:
- É o Candelabro, informa a guia...
...E segue relatando sobre as hipóteses que surgiram para explicar o motivo daquele desenho e quem teria feito. De todas elas, a mais plausível é a de que teria sido uma espécie de “Farol”. 


...Seguimos viagem sob o céu cinzento, ao som de barulhentas aves que nos acompanhavam.


...Meia hora após, começam a despontar pequenas ilhas rochosas com penhascos lotados de leões marinhos, pelicanos, cormorões, pinguins-de-Humboldt e outros pássaros menores.




Um verdadeiro santuário de animais marinhos e aves, que vivem por conta da Corrente Peruana ou Corrente de Humboldt, cujas águas frias trazem rico nutriente para esse lado do litoral peruano.


Naquela área são depositadas toneladas de excrementos pelas inúmeras aves, ricos em nitrogênio e potássio e que servem como fertilizantes, sendo ocasionalmente recolhidos e exportados comercialmente.


...De volta do passeio às ilhas, com o céu já sem nuvens,  nos dirigimos para o local onde embarcaríamos no transporte da agência. A primeira parada foi no Centro de Interpretação, onde estão algumas informações e se obtêm o ingresso para a Reserva Nacional.


Criada em 1975 com uma área de 335 mil hectares, 65% de território marinho e 35% de deserto costeiro, a Reserva tem como objetivo, a preservação da flora e das várias espécies animais que la vivem. É grande a biodiversidade na zona costeira com uma fauna de mais de 1.500 espécies entre algas, moluscos, peixes, répteis, aves e mamíferos.


A flora é composta por uma vegetação que se adaptou ao deserto. Essa excepcional diversidade é gerada pela corrente de Humboldt, que permite a esse mar ser um dos mais ricos e produtivos do mundo.



Essa área protegida tem também como destaque belas prais de areias avermelhadas, como a Playa Roja, que combinadas aos ventos típicos dessa zona fazem de Paracas um lugar privilegiado para aventuras.


...A paisagem surpreende com o belo contraste entre as faixas de cores das areias do deserto e da praia.


...O mar  que irrompe na zona desértica costeira desenha caprichosas formações, como a famosa Catedral que, infelizmente, foi destruída após o terremoto de 2007.


A Reserva também é um lugar de importância histórica, pois nela se encontram numerosos sítios da Cultura Paracas e foi onde, em 1820, desembarcou a expedição libertadora de San Martin, em campanha pela independência do país.




Onde|
Paracas: Distrito da província de Pisco, no Peru. Balneário onde o deserto encontra o Pacífico nos brindando com paisagens espetaculares. Apesar de não possuir muitos atrativos, as duas principais valem a viagem.



Quando ir|
Qualquer época do ano. O clima é subtropical desértico. Chove muito pouco, apesar de ter chuviscado no dia, logo o tempo ficou bom. Durante o dia a temperatura pode atingir 30 ºC. , principalmente no verão (Novembro a março). No inverno (junho a setembro) as temperaturas são mais baixas. Mas as noites podem diminuir bastante.

Como fui|
Cheguei em Paracas no ônibus da Oltursa proveniente de Nazca. Havia contratado um transfer com a agência de Arequipa. O funcionário, que me aguardava no terminal da empresa, foi logo me oferecendo os passeios turísticos mais importantes de Paracas. Não exitei em comprar, pois não quis perder tempo, já que só teria o dia seguinte para visitar a Reserva Paracas e as Ilhas Ballestas.




Onde fiquei|
Apesar de todas as indicações que encontrei de hospedagem para quem vai conhecer Paracas e Ilhas Ballestas serem em Pisco (22 km) ou Ica (75 km), eu optei ficar hospedada da pequenina Paracas. Escolhi o Hotel El Mirador, mas a reserva deixei para fazer quando estava em Arequipa, através da agência Giardino Tours.


Localizado em um mirador natural de onde se avista a Baia de Paracas, o hotel tem instalações razoavelmente confortáveis. Bar, restaurante, piscina e serviço de guias para passeios às Islas Ballestas e Tours terrestres à Reserva Paracas.






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